Montar uma carteira diversificada de investimentos é essencial para passar por tempos turbulentos, e também pelos normais. Porém compensa ter mais de um fundo de investimento em ações na carteira? Não estaríamos diversificando demais?
Em média um (1) fundo de investimento em ações já é bem diversificado, pois aproximadamente 81% do seu risco é de mercado, ou seja, sobrou apenas 19% de risco específico, assim sendo ter mais de um fundo de ações não traria grandes reduções de diversificação.
A partir da análise feita com 3015 fundos de ações no período de outubro de 2015 até julho de 2020, pode-se perceber que uma carteira de com 5 fundos de ações já eliminou todo risco específico (não-diversificável), como se pode ver no gráfico a seguir.
Colocar na carteira mais de 5 fundos de ações aumentará o custo de acompanhar (monitorar) os fundos, sua carteira poderia se aproximar demais do IBOVESPA (correlação estimada em 0,975 que é muito próxima de 1,00) e aí seria mais interessante adquirir um ETF do IBOVESPA do que manter 5 ou mais fundos de ações.
Fizemos um estudo com 511 fundos de ações, com pelo menos 100 cotistas, no período de julho de 2018 a julho de 2020 (período que contempla a crise do novo Coronavírus), e construímos 2000 carteiras aleatórias (diversificação ingênua pois não analisa as correlações entre fundos) de 2, 3, 4 e 5 fundos.
O gráfico a seguir mostra a média da relação entre retorno/risco (retorno médio no período dividido pelo desvio-padrão dos retornos no período) das 2000 carteira de fundos de ações que foram simuladas, para cada quantidade de fundos de ações na carteira.
Pode-se notar que a partir de 4 fundos de ações a relação retorno/risco fica praticamente estável em comparação com a carteira de 3 fundos, e com 5 fundos de ações na carteira a relação retorno/risco começa a cair.
Dessa forma, a recomendação é montar uma carteira com 2 ou 3 fundos de ações (ou 2 ou 3 ETFs de índices de ações), e de preferência que tenham diferentes estratégias de investimento, como, por exemplo, fundo de ações que investe no exterior, o que colabora muito com a diversificação.