Algumas semanas atrás um amigo perguntou quanto o DI (ou CDI) costuma render acima da inflação medida pelo IPCA. Pergunta simples com resposta não tão simples, pois a taxa DI é pós-fixada e não tem compromisso de remunerar a inflação ou uma taxa de juros real positiva, como ocorre com títulos oferecidos pelo Tesouro Direto como o Tesouro IPCA+ ou Renda+.
Além disso, o resultado do DI frente ao IPCA depende de quando a pessoa investidora aplicou seu dinheiro e por quanto tempo deixou aplicado.
Realizei 39.340 simulações de investimento em DI, com diversos inícios de aplicação no período de 2000 até abril de 2023, com prazos de investimento que variaram de 1 a 280 meses, e como resultado no gráfico a seguir se pode ver as taxas médias, mínimas e máximas do DI já deflacionado pelo IPCA para a pessoa investidora, a partir do ano que fez a aplicação em DI. Durante todo período o DI gerou uma taxa real de 5,3% ao ano, acima do IPCA, sem considerar o imposto de renda e IOF, e de 4,6% ao ano considerando os impostos.
Mas repare que o período da pandemia da COVID-19 teve um forte impacto negativo no DI, pois foi quando a SELIC over, e consequentemente o DI, atingiu o nível de 1,9% ao ano, e a inflação no Brasil e mundo começou a disparar. Em 87,9% dos cenários simulados para quem investiu no DI em 2020, o resultado foi rentabilidade inferior ao IPCA, ou seja, perdeu para a inflação. Talvez daqui alguns anos quem investiu no DI, e deixou o dinheiro lá, consiga recuperar as perdas da época da pandemia, isso só o tempo dirá.
De forma geral se pode constatar que o investimento no DI é interessante, mas não é isento de risco, principalmente frente a inflação. Monitorar o mercado, diversificar a carteira, e se aconselhar com quem é qualificado, são alguns conselhos de amigo.
Excelente texto. Comecei a ver seus vídeos sobre Valuation: Múltiplo P/L ou PE ratio. Excelente vídeo.