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  • Foto do escritorRicardo Rochman

O remédio que cura também pode matar


A inflação é um mal que acomete a economia como um todo, e principalmente a população menos favorecida, pois perde seu poder de consumo e não têm educação nem acesso a ferramentas no sistema financeiro para se proteger.

Infelizmente a inflação é uma doença sem cura, que vai e volta, e por isso precisa ser controlada de perto.

O médico especialista que trata a inflação é o Banco Central, que usa um remédio poderoso chamado de taxa de juros (SELIC no caso do Brasil), que deve ser dosado com muito cuidado pois pode causar a morte do paciente ao invés da cura. Uma taxa de juros muito baixa, em relação à inflação, pode não surtir nenhum efeito na economia. Enquanto uma taxa de juros muito alta por muito tempo pode aumentar sensivelmente o desemprego e levar à recessão.

A pandemia da COVID-19 afetou pessimamente a economia global, e acarretou inflação de oferta, de demanda, e desvalorização geral do poder de compra da moeda pela injeção de recursos e pacotes de auxílio dos governos (tudo justificado para salvar a população).

A partir de 2022, a luta pelo controle da inflação ganhou maior empenho dos bancos centrais, porém de diferentes maneiras. Comparando as variações das taxas de inflação e das taxas de juros de janeiro de 2022 a janeiro de 2023, vemos no gráfico a seguir que alguns bancos centrais elevaram as taxas de juros em velocidade menor que a inflação subiu, e outros foram "mais agressivos" elevando os juros em velocidade maior que a inflação, e no caso do Brasil e dos Estados Unidos as taxas de juros continuaram sendo elevadas mesmo com o movimento de queda da inflação, a fim de se atingir as respectivas metas de inflação.


Para os Estados Unidos há estudos mostrando que a inversão da curva de juros é um indicador antecedente de recessão, usado inclusive pelo Fed no seu processo de tomada de decisão quanto à taxa de juros. No site do Fed (https://www.newyorkfed.org/research/capital_markets/ycfaq#/) pode-se atualmente ver que a probabilidade de recessão em março de 2024 é de aproximadamente 58%, e tende a aumentar com os problemas com bancos, as demissões realizadas pelas Big Techs e outras empresas. Por isso, mais aumentos na taxa de juros ao invés de curar poderão prejudicar mais a economia dos Estados Unidos, e com reflexos na economia global.


O mesmo processo está acontecendo no Brasil, e talvez seja hora de repensar a dose do remédio para inflação.


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