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Foto do escritorRicardo Rochman

Varejão, quando o assunto é IPO olho no Atacado

Nos últimos meses temos visto crescimento da participação dos investidores de varejo nas operações na bolsa brasileira (B3). No entanto, quando o assunto é abertura de capital (IPO), os investidores de atacado (os institucionais e os estrangeiros) ainda prevalecem como os principais participantes desse mercado com participação média de aproximadamente 90%-92% no volume da operação, considerando o período de 2004 até agosto de 2020.


Das 184 operações de IPO de 2004 a agosto de 2020, a participação do varejo foi em média 8,7% (a mediana foi 8,75%), e 79,3% das operações tiveram participação do público varejo menor ou igual a 10%. Especificamente em 2020, a média de participação do varejo está em 10,2%. É preciso entender que o IPO é uma operação típica de atacado, pois usualmente o capital a ser levantando é grande, o custo e esforço da operação são altos, e o prazo é curto.


O gráfico a seguir mostra a evolução da participação dos investidores de varejo nos IPOs da B3 de 2004 até agosto de 2020:



Muitas empresas estão se animando a abrir o capital, mas recentemente foram obrigadas a fazer o IPO oferecendo preço inicial abaixo da faixa de preços proposta nos seus prospectos (antes de investir em IPO leia o prospecto disponível nos sites da B3 e da CVM). Isto decorre do fato de que investidores de atacado são mais criteriosos nas suas análises sobre as empresas, melhor preparados e informados do que os investidores de varejo no geral.


Investidores de atacado não se empolgam tanto, e facilmente, como os de varejo e as empresas estreantes na bolsa estão descobrindo isso, tendo que reduzir os preços oferecidos nos prospectos iniciais, e em alguns casos os acionistas atuais (vendedores) desistem de vender parte das ações no IPO, chegando até a comprar parte das ações do IPO para garantir a operação.


O público em geral está procurando investir mais em renda variável devido a baixa taxa de juros do momento, mas o público de atacado (bancos, fundos de investimento, fundos de pensão etc) não aceita qualquer operação a qualquer preço.


Investidores de varejo podem participar de IPOs, mas devem desconfiar quando os bancos e corretoras com que operam começarem a oferecer muito as ações que farão a abertura de capital, pois podem ser sobras do que os investidores de atacado não quiseram, ou não se interessaram, por não gostarem do IPO e suas características.




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