A Receita Federal divulgou recentemente (01/07/2020) um boletim sobre os impactos da COVID-19 (http://receita.economia.gov.br/noticias/ascom/2020/julho/vendas-em-junho-cresceram-10-3-quando-comparadas-a-junho-de-2019/Boletim2edio1julho2020.pdf), que destacou o fato da média diária de vendas com a Nota Fiscal Eletrônica (NFe) ter atingindo R$23,9 bilhões em junho deste ano, que foi o maior patamar do ano, e que representou um aumento de 15,6% em relação a maio.
A notícia é boa, afinal depois das vendas caírem aproximadamente 18% em abril, presenciarmos dois aumentos consecutivos em maio e junho é um sinal leve de recuperação. O boletim também ressaltou o crescimento do comércio eletrônico que em junho foi 73% superior em valor de vendas em relação a 2019, e mostrou o melhor desempenho de 2020.
No entanto, poderia ter sido feita a análise da evolução da relação entre o valor das vendas e a quantidade de notas fiscais (NF) emitidas, que seria uma espécie de "ticket médio" de vendas, ou quanto foi consumido em média por venda realizada. Fizemos o cálculo do consumo (ou vendas) por NF emitida de janeiro a junho de 2020, a partir dos dados do Boletim da Receita Federal, e na tabela a seguir apresentamos os resultados das evoluções mensais e anuais.
O que se pode notar é que as Vendas por NF caíram em abril e maio, o crescimento em junho foi de apenas 3%, e em relação a 2019 as Vendas por NF (corrigidas pela inflação conforme dados do boletim da Receita Federal) ainda estão bem negativas. O bom resultado de junho segundo boletim da Receita Federal, sob a ótica das Vendas por NF ainda está 3% abaixo do patamar de janeiro de 2020. O que isso quer dizer?
Algumas possíveis respostas são a queda da renda da população, deflação dos preços devido a crise econômica, e aumento do comércio eletrônico por causa das medidas de isolamento e distanciamento social, que gerou maior formalização do comércio com mais emissões de notas fiscais, mas foi decorrente do fechamento de operações de comércio tradicional. Logo os dados do boletim são positivos, mas ainda longe de apontar uma recuperação de fato.
O auxílio emergencial do Governo ajudou o crescimento das vendas em junho, e deve ser mantido por mais tempo, assim como deve ser ampliada a ajuda e reabertura consciente dos negócios de todos portes. Dessa forma teremos chance no segundo semestre de recuperar os números da economia, e retomar o caminho do crescimento.
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